sábado, 31 de dezembro de 2011

Crônicas Cinzentas - Gwain, o Ranger Elfo [Parte Final]

Continuação...

Gwain passou a viver em florestas ali e acolá.

Não tinha essa pretensão, mas acabou se tornando uma espécie de guardião da natureza. Ao mesmo tempo em que o “caçador” protegia seus vizinhos, observava os intrusos humanos. Seus hábitos, suas manias, suas habilidades e fraquezas. Se o elfo queria vencer aqueles que destruíram tudo o que conhecia, precisava saber como.

Mais de uma vez, Gwain afugentou grupos de “ladrões de pele” das florestas por onde passava. Com isso, além de inimigos, fez diversas vítimas, sem guardar qualquer rancor. A frieza com que fora agraciado, possibilitou estudar a anatomia de suas presas.

Depois de algum tempo, o elfo sabia tudo que precisava sobre a natureza e a anatomia humana, mas movido pela curiosidade, queria mais. Começou a frequentar pequenas vilas, disfarçado. Onde entendeu que apesar do seu ódio pela raça, nem todos mereciam a ponta de sua flecha no peito.
Era difícil saber que era bom, mas não tão complicado assim decernir quem era mal. Os opressores ou “valentões” tinham hábitos comuns e andavam em grupo. Na maioria das vezes seguindo ordens de alguém muito pior, mas para o elfo, isso não os livrava da responsabilidade e da punição imposta pelo caçador.

Movido por um sentimento de justiça, alimentado por sua sede de vingança, o Ranger Elfo tornou os humanos sua principal presa e assim passou a caçar todos aqueles que ele julgava vis e maldosos. Passando a frequentar vilarejos humanos durante a noite. Dando cabo de ladrões, assassinos e valentões. Uma espécie de justiceiro, mas seu intuito não era ajudar os homens bons, isso sequer passava por sua cabeça, seu real motivo era o de encontrar seu único e verdadeiro alvo. Aquele que o privou de sua família.



Em foi em uma dessas noites, em que o elfo, espreitando um grupo suspeito, após ouvi-los planejando a captura e morte de alguém, adentrou a taverna e presenciou uma cena de agressão a “um certo bardo” que conhecemos.

A agressão a alguém notoriamente mais fraco não no impeliria a agir na frente de todos, revelando sua natureza “diferente”. Ele esperaria a confusão acabar para depois abater os agressores, era um caçador muito inteligente e metódico.

Contudo, ao ouvir a palavra “mestiço” e ver que o alvo da agressão era também uma igual ou uma meia-irmã, a cena do massacre em sua vila veio em sua mente junto de uma enxurrada de emoções e por um segundo removeu toda sua serenidade. Segundo esse o suficiente para sacar seu arco, aprontando-o com uma flecha e disparando em um tiro certeiro.

Quando voltou a si, uma nova flecha já estava pronta para disparar novamente. Por essa noite, os homens que destruíram sua vila, seria aqueles que estavam a sua frente.

- Acho que sou eu que vocês estão procurando!

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Crônicas Cinzentas - Gwain, o Ranger Elfo [Parte 01]

Observação importante: Antes que atirem a primeira pedra, peço desculpas pela demora do post. Alguns contra-tempos profissionais necessitavam muita da minha atenção.
E o porque de eu não ter finalizado a aventura da “Taverna do Tronco Rubro”, também tem explicação. Na verdade, decidi explicar um pouco sobre o novo personagem que inseri, antes de postar a parte final. O que não esperava é que a intro do elfo ocupasse mais de um post, mas pela qualidade do texto, acredito que fica melhor assim.



Gwain, o Ranger Elfo

O elfo caminhara por semanas, sem parar para comer ou descansar. Em sua mente a lembrança da vilarejo em chamas e do sangue de seus amigos e irmãos só não era mais nítida do que o semblante do assassino que promoveu aquele massacre. O feiticeiro humano, cujo nome não era conhecido pelo elfo estava com seus dias contados. O ranger não sabia onde ou como enfrentaria e venceria, se fosse realmente possível vencer, aquele poderoso conhecedor da arte arcana, mas nada tiraria seu foco. Seu destino estava traçado.

Gwain, era o nome do elfo ranger descendente dos Anciões da Floresta, os mais antigos elfos da parte oeste do Grande Mar. Viveu em uma vila elfica conhecida com “Mae Govannen” às margens do grande rio Anguis. O vilarejo era quase que exclusivamente élfico, apesar de mercadores gnomos e meio-elfos aparecerem com certa frequência. Ele sempre fora um aluno aplicado e um amigo fiél.

Quisera ele estar na vila quando tudo começou. Foi tão rápido que nem mesmo os elfos mais experientes e sábios puderam prever. O ataque devastador não deixou sobreviventes, a não ser o ranger que havia saído para cumprir uma aposta que fizera com seu irmão Deowain. Uma brincadeira boba fora a última conversa que teve com ele. Aquelas lembranças provocaram as primeiras lágrimas da vida do jovem elfo, que sequer conhecia um sentimento tão forte e estranho para o elfos, mas tão comum entre os humanos.

Pôs-se a caminhar desde aquele dia, com todo ódio que poderia ter, buscando vingança. Quando finalmente parou, totalmente esgotado, desabou. Estava tão exausto que seu corpo não suportou e o manteve em estado de alfa por quase dois dias. Ali, junto da natureza em meio às animais e plantas, que recuperavam suas energias e sua sanidade para continuar a jornada. Precisava descansar e manter a calma, por mais difícil que aquilo poderia parecer.

Enquanto meditava seu corpo, sua mente e seu espírito entravam em sintonia. Um equilíbrio comum apenas nos mais anciões era alcançado por Gwain. Ao despertar, algo havia mudado no elfo. Aquele sentimento incontrolável de indignação, raiva e culpa, deu lugar a uma expressão serena, adivinda de um caçador agora frio e metódico. Nada que ocorrera em seu passado o abalaria e isso faria os assassinos de seus parentes e amigos pagarem pelo que fizeram. Ele os acharia, nem que fosse preciso matar todos os humanos que visse pela frente.

[Na semana que vem, postarei a segunda parte da saga do elfo e em seguida, o desfecho da aventura na Taverna do Tronco Rubro]

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Conheça os #BardoFacts - Leia e crie o seu!

Desde o nosso querido amigo Chuck Norris, as séries de “facts” acompanham todas mídias, mesmo fora da web, homenageando ou mesmo trollando personalidades e conceitos dos mais diversos. O RPG já teve algumas menções em sua homenagem, brincando com situações inusitadas e divertidas das mesas, fóruns ou em games on line.

Pensando nisso, sugeri no twitter e resolvi repassar para o blog Guerreiro Bardo, uma sessão de facts com a classe mais perseguida polêmica do D&D. O Bardo.

Uma classe criticada por suas limitadas habilidades em combate, porém amada por aqueles que curtem a interpretação acima de tudo, o Bardo é sempre um personagem que tem uma atitude inusitada, quando menos se espera.

Nunca se sabe quando ele começara a cantar, em meio a um batalha sangrenta. Quando seus gritos de guerra serão aclamados, seus instrumentos invocados... Ou quando ele, simplesmente vai desaparecer da vista de todos. Afinal, talento artístico e carisma sempre foram sua marca, a coragem não.

Existem também os bardos guerreiros, os bardos feiticeiros, bardos de todos os tipos, fortes, corajosos e inteligentes, mas com algo em comum, sempre: são Bardos. Um conceito único encontrado apenas naqueles que escolhem está classe como sua.

Seguem alguns facts, proporcionados por aventuras das quais participei, enaltecidos por personagens criativos e pérolas inesquecíveis. Para ficar mais divertido, comentem e criem seu próprio #BardoFacts, seja para enaltecer ou simplesmente “zoar” a classe mais “no sense” do D&D.

#BardoFacts

"Ser heróico em uma batalha é fácil. Difícil é fazer isso cantando uma bela canção..."

"Ser Bardo não é tão fácil quanto parece... Hm, na verdade é sim. "

"Nenhum conhecimento é tão importante e útil quanto o de Bardo!"

"Jamais compare um Bardo com uma prostituta. Ele ficará muito bravo e provará que está errado "tocando uma" pra você!"

"Não é o bardo que vence que conta a história... É o que se esconde melhor!"

"Bardos nunca morrem em combate... Sabem fugir como poucos."

"Um bardo é útil a todo momento... Menos quando se precisa de silêncio."

"Bardos... Uni-vos! Precisamos matar nossos inimigos... Nem que seja de tédio"

"Assistindo a um comercial de seguros com o Biafra, me lembrei de algumas canções... Eh irritante inspirador!"

"Bardos cantam muito bem, tocam instrumentos e são carismáticos como poucos... Porque precisariam de coragem?"

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Crônicas Cinzentas - A taverna de Carvalho Rubro [Parte 02]


Continuação...


Noite adentro, durante uma pausa depois de pouco mais de dez canções, muitas delas exigindo todo fôlego do bardo que tinha de se esforçar para ser ouvido, o chapéu já continha quarenta peças de cobre e pelo menos vinte peças de prata. Poucas horas depois, o local não estava mais tão cheio e os que ali estavam, já mantinham um nível de etílico no sangue bem elevado.

Chamava a atenção uma mesa próxima, onde estavam cinco ou seis guerreiros, todos eles fortes, “mal encarados” e bêbados. Falando alto, xingando e atirando algumas canecas vazias em quem estava por ali, com certeza estavam a procura de confusão. Aqueles que eram agredidos verbal ou fisicamente pelos “valentões” não ousavam enfrenta-los, baixavam suas cabeças e se afastavam rapidamente, intimidados pelas espadas a mostra e cicatrizes profundas, daqueles que pareciam ganhar a vida em batalhas.

Não demorou para que o alvo daqueles baderneiros fosse o bardo e logo em seguida, a feiticeira. Inicialmente, palavras ofensivas a música de Dudu, logo depois, um deles levantou-se foi até Nina.

Era um homem alto, corpulento, com feições rudes e uma grande cicatriz no lado esquerdo da face. Parou em frente a Nina e ficou olhando-a por alguns segundos, com um semblante sombrio. Fora retribuindo com um sorriso amarelo e sem graça, da feiticeira que estava querendo ser educada, enquanto dava um passo para trás de forma sutil. Esta ação, contudo, não impediu o homem de saltar em sua direção e tentar agarra-la.

Ágil e já esperando uma atitude como aquela, a jovem meio-elfo conseguiu esquivar-se do valentão bêbado, que não desistiu e tentou uma nova investida. A bebida, porém, parecia estar cobrando seu preço pois a tentativa fora novamente rechaçada além de fazê-lo perder o equilíbrio e cair.

O evento chamou a atenção de Dudu, que pode ouvir além dos urros do mercenário caído no chão, que amaldiçoava Nina com um palavreado chulo e vulgar, os grunhidos dos companheiros dele acusando “aquela mulher” de tê-lo derrubado. E enquanto o “encrenqueiro” que estava caído se levantava, os demais já se aproximavam da meio-elfo, cercando-a.

O bardo exitou por um momento. Interrompeu a música de forma abrupta querendo intervir, contudo não sabia exatamente o que fazer. Aquela situação era delicada, mas ele precisa fazer alguma coisa. E a forma mais conveniente seria usando sua melhor habilidade: O carisma.

- Acalmem-se amigos! Ela não vale o incômodo. Vamos beber e festejar... A próxima rodada é por minha conta!

Possivelmente aquilo teria funcionado em uma situação comum, afinal o Dudu é um diplomata nato, entretanto o homem que caiu estava com tanta raiva, a ponto de rosnar para o ele, enquanto falava. Junto do rosnado tomou a caneca mais próxima e atirou contra o Bardo, acertando-o na cabeça. O golpe abriu um corte sobre o supercílio e o fez cair atordoado e sangrando.

Vendo aquela cena Nina tentou correr até seu amigo, mas foi segura, pelo capuz e pelos cabelos, sendo impedida de andar e revelando sua verdadeira natureza. Todos podiam ver, com clareza, as protuberantes orelhas da meio-elfo que foi atirada no chão, com violência, antes que pudesse proferir uma palavra sequer.

Aqueles mercenário não estavam ali por acaso, com certeza. O homem que havia tentado agarra-la inicialmente e que atirara a caneca que acertou Dudu em cheio era conhecido como Blake. Líder de um grupo de mercenários conhecidos como Perdigueiros do Deserto. Famosos por fazer todo o tipo de trabalho sujo, sem o menor escrúpulo, desde que sejam pagos por isso. Todos ali eram hábeis combatentes e não vinham a um lugar sem motivo. Se eles estavam ali, perseguiam alguém.

Caída no chão, Nina viu Blake se aproximando devagar, com um sorriso maligno no rosto, segurando um grande faca, outrora embainhada, que mais parecia uma espada. A lâmina era muito afiada e cheirava de sangue como se fosse feita do mesmo.

- Não achei que perseguir um “mestiço orelhudo” fosse divertido e fácil. Não era bem você que estava procurando, mas deve servir.

A voz de Blake era grave e rouca, quase um rosnado de um grande felino. Os demais “perdigueiros” rodeavam a feiticeira que, mais de uma vez foi golpeada por pontapés, quando tentou levantar-se ou falar qualquer coisa.

Com Dudu caído, pareciam que as esperanças de Nina haviam se extinguido. Blake aproximou o “facão” de seu rosto, próximo de sua orelha, fazendo menção que a cortaria fora e possivelmente era o que realmente faria. A feiticeira não conseguiu se conter, fechando os olhos e os pressionando, desejando que tudo aquilo não passasse de um sonho ruim. Quando ergueu o braço para desferir o golpe, um zunido agudo que terminou com um impacto seco foi tudo que pode ser ouvido e depois silêncio.

O silêncio só fora quebrado pelo urro de Blake, que ecoou por toda a sala. Os outros mercenário apenas viram o facão caindo da mão de seu líder, girando no ar e atingindo o chão de madeira da taverna. O som, fez com que Nina abrisse os olhos e mirasse eu agressor. Ele gritava e xingava pois tinha uma flecha atravessando seu antebraço.

Todos se viraram para a direção de onde pariu o projétil. Um homem sozinho, no outro canto da taverna, coberto com capa e capuz, que ocultava os olhos mas não seu sorriso de satisfação, segurava um arco e fitava os mercenários, ainda boquiabertos.

- Acho que sou eu que vocês estão procurando!

Ele puxou o capuz para traz, revelando orelhas ainda mais protuberantes do que Nina, rosto mais fino e um semblante peculiar. Era um elfo!

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Crônicas Cinzentas - A taverna de Carvalho Rubro [Parte 01]



Como era de se imaginar, Dudu e a meio-elfo Nina continuavam com suas apresentações por pequenos vilarejos do reino da Rocha Branca. A amizade e a cumplicidade entre os dois aumentava cada vez mais. Depois de dois meses, tudo de ruim que havia acontecido já estava no passado. O bardo e a feiticeira dançarina conseguiam um bom dinheiro com suas apresentações, toda a noite conquistando fama e atraindo a atenção de todos. Com o passar do tempo isso acabou sendo definitivo para o que ocorrera.

O sucesso fez com que Dudu fosse convidado para fazer uma apresentação na taverna da Vila do Carvalho Rubro, ao sul de Pedra Cortada. Seria o mais perto que chegara da cidade onde se encontraram pela primeira vez. Ele hesitou inicialmente, uma vez que achava arriscado apresentar-se naquele local. Contudo, foi persuadido por uma quantia considerável que lhe era oferecida pelo dono daquela taverna, algo pouco comum naqueles dias e encorajado pela própria meio-elfo.

- O que poderia acontecer conosco? – dizia Nina – Se ainda estivessem atrás de mim, já teriam nos encontrado.

O bardo sabia que meio-elfos não eram bem-vindos nas cidades próximas da capital. Algumas pessoas acreditavam que foram os mestiços que causaram a ruína e a decadência de seu reino, repetindo a palavras do antigo rei. Isso, por si só, já deveria ser o suficiente para impedi-lo de ir até lá acompanhado de alguém como Nina. Além de, é claro, a origem da meio-elfo se um mistério e seu único passado conhecido dela ser um cativeiro. Contudo, ainda assim ele o fez, afinal, prudência nunca foi uma qualidade de bardos.

Os dois partiram quando ainda era bem cedo, assim chegariam em seu destino pouco depois da metade do dia, isso evitou perguntas e muitos olhos curiosos. Uma feira muito frequentada, era o que movimentava o vilarejo para onde foram. Principalmente durante o festival da colheita, que era o maior evento daquela região e estava acontecendo naquela semana. Nada melhor do que um pouco de multidão para se passar despercebido.

A viajem foi tranquila. Conseguiram deslocar-se rapidamente, graças ao cavalo que Dudu comprara dias atrás, com parte do dinheiro que tinham ganho. A entrada no vilarejo também não gerou problemas. Um simples manear de cabeça foi o suficiente para que os guardas abrissem caminho. Parecia que toda aquela preocupação tinha sido exagerada.

Nina, no entanto, percebia os olhares de reprovação quando alguém que a fitava, principalmente os mais velhos, e reconheciam sua origem. Era como se vissem algo repugnante e ofensivo. Notoriamente, continham suas emoções e apenas esbravejavam. Em um local diferente a feiticeira seria alvo de ofensas, objetos seriam atirados nela e com certeza a situação não terminaria bem. Contudo a presença de raças amenizava um pouco os ânimos. Além de humanos, era comum ver por ali gnomos, criaturas até semelhantes aos elfos, mas bem menores, e anões, de pouca estatura, mas muito corpulentos.

Já na estalagem, o restante do dia até a apresentação, foi sem surpresas. Dali saíram somente para ir até a taverna, já no entardecer, para conversar com o taverneiro que concordou em adiantar somente dez porcento do combinado. O que restara pagaria no final da apresentação, o que parecia justo diante do elevado montante oferecido. Cinco peças de ouro é o que o bardo receberia por uma noite de apresentação. Fora o que coletaria com o famoso "chapéu de bardo". Estava pensando em sair dai, naquele dia, com talvez, sete, oito ou, com sorte, dez peças de ouro. Algo que poderia mantê-los por um bom tempo.

A taverna era simples porém bem decorada e poderia abrigar confortavelmente cinquenta pessoas. Tinha muita gente desde cedo, por conta do festival e o público aumentava ao cair da noite. Pequenas mesas rústicas e bancos feitos de tronco de carvalho era onde se acomodavam as pessoas que chegavam. Muita fartura nas mesas com cordeiros e leitões assados, milho e queijo. Tudo regado a muito vinho e hidromel. Conforme a noite caía, a dança das chamas de um enorme candelabro que ficava suspenso sobre o salão, deixava o ambiente ainda mais festivo. Aproximadamente oitenta velas, com suas chamas dançantes, apresentavam um espetáculo a parte.

A apresentação do bardo, começou um pouco turbulenta, devido ao ruído das quase noventa pessoas que se acotovelavam na taverna. Muito barulho de um público já um pouco embriagado, impediam que as primeiras canções do bardo pudessem ser ouvidas com atenção. Contudo, sem demora o bardo iniciou uma famosa canção, que falava sobre festas, mulheres e muitas bebida. Isso com certeza atraiu a atenção do público que acompanhou Dudu em meio a grunhidos e urros. Ao final, uma calorosa salva de palmas e algumas peças de cobre e prata mostraram que o público havia sido conquistado. Nina inicialmente se mantivera sentada, ao lado do pequeno palco improvisado.

Olhos curiosos fitavam Dudu e Nina o tempo todo. Algumas coisas parecem ser escritas pelo destino e não importa o caminho que se tome, o destino é o mesmo. Para o mal e para o bem, alguns eventos importantes que marcariam a caminhada dos dois aconteceriam ainda naquela noite.


[Continua...]

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

De onde vieram e o que são as Crônicas Cinzentas

O que são as Crônicas Cinzentas?

Bom, na verdade é uma série de contos que se passam em um mundo chamado Terra Cinzenta. Mundo este que eu criei para uma aventura de D&D, que inicialmente seria um mix de referências que eu gosto muito como Lord of the Rings e The Hobbit de Tolkien, The Chronicles of Ice and Fire de George R.R. Martyn e o famoso MMO da Blizzard, World of Warcraft.

Depois de um tempo, enquanto ainda imaginava os pilares deste mundo, eu optei a criar toda mitologia do modo mais original possível, até para poder contar essa história depois sem ser acusado de plágio ou de infringir algum direito autoral (risos). Com certeza, toda essa literatura fantástica, assim como a mitologia nórdica para a Terra Média, me inspirou e esteve presente em diversos momentos, algumas vezes de forma decisiva até.

Durante as aventuras que narrei neste cenário, muitas vezes levei os personagens para dentro do “meu mundo” usando essas referências. Frases famosas e descrições detalhadas de livros e filmes foram narradas sem pudor, divertindo os players e proporcionando situações inusitadas e divertidas. Nos contos que serão publicados, essas pérolas terão de ficar de fora, mas continuam presentes na mesa de RPG, sempre que possível.

Mesmo antes de começar a jogar, como todo narrador, preparei um plot principal, alguns plots secundários e vários contos e lendas que fundamentariam NPCs, regiões, itens mágicos e afins, de forma que tudo ficasse interligado. Essa criação me fascinou tanto, que acabei me aprofundando muito. Criando povos e lendas antigas, enigmas originais, itens fantásticos e todo um background que tornou a Terra Cinzenta muito mais do que um cenário para sessões de RPG, mas lugar para onde você pode viajar e tornar-se um ser lendário.

Os jogadores destas crônicas são um caso aparte. O mundo (Terra Cinzenta) poderia ser perfeito, mas se os jogadores não fossem talentosos e esforçados as histórias seriam terríveis. Tudo que se passa em cada aventura, o modo como cada um interpreta e desenvolve sua característica torna a imersão ainda mais completa. Os contos, que tinham o intuito inicial de revelar a história do mundo, têm como protagonistas os players. O modo original que cada um desenvolveu para dar vida a seu personagem e fazer dele parte integrante um universo em expansão, tornou-se o ponto principal e determinante de cada aventura.

Nem tudo que criei está no papel. Muitos cenários, lendas e mapas, continuam somente na minha cabeça. Alguns ainda sofrem pequenas alterações, mas acredito que esse seja o grande diferencial, uma espécie de trunfo criativo, que entra em ação quando exigido. Nada que altere o roteiro da aventura, mas assim posso tornar o mundo um lugar desafiador para os personagens e divertido para os players.

Criar um mundo desse modo dá trabalho, mas é muito gratificante. A cada aventura me sinto mais orgulhoso de ver como cada lugar que eu criei é enxergado pelos personagens, como o item é utilizado, cada NPC é tratado. Isso é impagável.

Se que posso dar um conselho aos mestres/narradores de RPG é: CRIEM seus próprios mundos. Se não der certo da primeira vez, tente novamente, não desista. Essa é uma experiência única.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Crônica Cinzenta - Nina, a Meio-elfo

Voltamos a falar de nosso amigo bardo. Onde estávamos mesmo? Ah sim! Na noite em que ele a levou para a estalagem consigo. Na noite em que adormeceu sentado em uma cadeira velha de carvalho, olhando a bela frágil mulher na cama, pensando em tudo que tinha acontecido e no que tinha feito, mas sem imaginar o que ainda viria.

Quando acordou estava deitado naquela mesma cama, sozinho e coberto por uma pesada colcha de retalhos e penas. Muito confortável. Por alguns segundos, enquanto se espreguiçava, sequer lembrou-se do que ocorrera estava com a mente limpa e descansada. No instante seguinte, um turbilhão de lembranças e emoções da última noite o atordoaram, no momento em que vislumbrou aquela que viria a ser sua mais fiel companheira.

Eles se olharam por algum tempo, até que as primeiras palavras foram ditas. Um leve sorriso foi o que impulsionou as palavras de Dudu, trêmulas devido ao nervosismo.

- B-bom d-dia.

Mesmo para o Bardo que era acostumado com a atenção destinada a si e os olhares do público sobre ele, sua voz fraquejou por um instante. Porém, aquelas palavras iniciais, puras e sinceras despertaram um sorriso ainda mais confiante da jovem para com ele. Dudu emanava uma aura de bondade e sempre foi muito carismático e querido por onde passou, isso inspirava confiança, mesmo antes de conhecê-lo.

Poderia narrar aqui cada frase dita durante toda a conversa, ainda assim não compreenderiam o que foi falado. Assim como poderia descrever as emoções de cada um para com o outro, mas acredito que apenas estando lá, seria possível compreender o que isso representava. Sendo assim, me limito a dizer que um sentimento de confiança perpetuou a amizade destes dois, naquele momento e pelo resto de suas vidas. NINA, era o nome da meio-elfo que passou a acompanhar Dudu a todo lugar, ficando junto dele a partir daquele dia.

Isso mesmo, uma MEIO-ELFO, naquelas terras onde os mestiços sempre foram caçados. Ela não tinha lembrança alguma de onde viera ou como chegou ali. Lembrava apenas de seu nome, ou pelo menos de como a chamavam, e de que, nas últimas semanas, conheceu um mundo violento e preconceituoso. Dudu foi o “ponto fora da curva” na vida dela. Jovem, de corpo esguio e curvas provocantes, que por vezes atraiam a atenção do Bardo mais do que seu cabelo de cor peculiar, seus olhos misteriosos ou suas orelhas protuberantes, a marca registrada de sua raça.

Mesmo sem qualquer memória significativa de sua vida, a meia-elfo parecia conhecer muitas coisas, algumas de forma quase instintiva. Os conhecimentos arcanos que possuía, inicialmente impressionaram Dudu, que viria a descobrir poucos dias depois, que sua amiga era uma feiticeira. Isso explicaria muito do que viu a respeito de Nina.

Passado aquele turbilhão de emoções, o bardo avistou um problema em ter a meio-elfo como sua acompanhante. Como o “ganha-pão” dele era basicamente se apresentar para outras pessoas e Nina ainda estava um pouco insegura em ficar sozinha, precisava pensar em algo para leva-la consigo. Inicialmente o capuz, esse seria indispensável a qualquer momento que a meio-elfo deixasse a estalagem, mas só isso não seria o suficiente para ela o acompanhar nas tavernas. Contudo, foi sua música favorita quem solucionou o problema.

Enquanto tocava sua flauta e pensava sobre o que faria a jovem meio-elfo começou a dançar. Primeiro de forma tímida, mas não por muito tempo. Seu desempenho fora ímpar, com movimentos leves e sensuais. Uma dança natural, misteriosa e provocante, seguindo o ritmo tocado pelo bardo que ficou hipnotizado, até ter a sua epifania. A partir desse dia, Nina passou a ser a dançarina ruiva de Dudu, o Bardo.




Suas apresentações a partir deste dia lhe trariam mais fama e algum dinheiro. A dançarina completava as excelentes performances de Dudu e era algo diferente. Porém, aqueles que perseguiam a moça não haviam desistido e não demorariam a encontra-la daquele jeito, mas essa já é outra história, que contarei em breve.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Crônica Cinzenta - O reino da Rocha Branca

Deixe-me contar-lhe sobre o Reino da Rocha Branca, que viveu sua ascensão a pouco mais de três séculos, quando a dinastia Shub uniu os reinos menores das terras meridionais e todos os reinos dos homens ficaram sob uma única bandeira. Infelizmente, o período em que reino tornou-se mais conhecido e poderoso não foi o mais nobre. Apesar de que isso não é uma novidade entre os humanos. São sempre as piores coisas que causam os maiores impactos.

Quando Zillion Shub, "O Louco" assumiu o poder um conjunto de mudanças se iniciaram. O fortalecimento de seu exército e o aumento dos impostos foi o primeiro sinal, mas não o maior. Além de mandar esculpir a maior estátua já vista, na encosta dos montes Escarlates, homenageando seu pai, ou a si mesmo, como muitos alegam, o soberano promoveu a maior chacina racial já vista em toda Terra Cinzenta. Os "mestiços" como ele começou a chamar meio-elfos, meio-orcs e posteriormente todos os não humanos, que viviam em várias cidades e vilarejos, foram caçados e mortos sem piedade por todo reino.

Ao ser inquirido sobre os acontecimentos, por elfos e outros povos, se defendeu dizendo que as ações partiam de um grupo extremista que se intitulava "Os Cavaleiros da Noite", não tendo qualquer ligação com ele ou com os soldados do reino. Estes assassinatos terríveis ocorriam com cada vez mais frequência, durante alguns anos, causando terror em qualquer não humano que vivesse no reino. O horror atingiu o seu ápice quando uma vila élfica, que ficava no limite oeste do reino humano, foi atacada e nenhum habitante sobreviveu.

Os elfos se sentiram traídos e resolveram dar um basta naquela situação. Um exército elfico das florestas do sul, comandados pelo Grão-Mestre Ylendor Valmarion foi mobilizado com ordens de marchar para o Reino da Rocha Branca e voltar com as cabeças dos responsáveis, mesmo que isso significasse trazer a cabeça do próprio rei, Zillion.

O soberano humano, rapidamente enviou um mensageiro às terras élficas, prometendo caçar os responsáveis e faze-los pegar pelo ocorrido. Dizendo ainda que, caso uma coisa como aquela se repetisse, aceitaria as imposições dos elfos, como se ele mesmo tivesse sido o culpado. Desse dia em diante, os ataques cessaram, quase que em sua totalidade, mas o medo ainda existia. Obviamente, nenhum dos reais culpados foi preso ou condenado.

Quase sessenta anos depois, quando o trono da Rocha Branca passou ao filho de Zillion, Zonnor Shub, "O justo" é que a verdade foi revelada. O antigo monarca havia formado a Ordem dos Cavaleiros da Noite, com ordens claras de "limpar" o reino livrando-se dos "mestiços". O próprio Zonnor a dissolveu, contrariando as suplicas do pai em seu leito de morte, que acreditava realmente, que eles eram superiores. Que as demais raças, poluíam aquelas terras, só pelo fato de respirarem, de andarem pelos campos. Enquanto confessava suas atrocidades, foi chamado de louco pelo filho e essa passou a ser sua alcunha.

Assim, por mais de 30 anos, a paz entre os povos foi mantida. A aliança e a confiança com os elfos estavam sendo restauradas. Após um pedido formal de desculpas, o monarca colocou-se sob a espada e a justiça do povo élfico, recuperando sua honra e seu respeito. Porém, nada que é bom, dura muito, o mais justo dos monarcas partiu cedo, deixando o ainda adolescente Zink’or Shub, que se auto intitulou "O Puritano", mas que receberia a alcunha de "O assassino" anos depois traria novamente o terror a toda e qualquer raça, não humana.

Mas essa história vai além do meu breve resumo, então vamos voltar a falar de Bardo e de sua nova amiga.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Crônicas Cinzentas - O Bardo [Parte Final]

Naquela noite, após uma apresentação digna de ser vista por reis, Dudu caminhava apressado pelas ruelas de um vilarejo próximo a Pedra Cortada, quando um grito feminino e agudo pode ser ouvido, vindo um beco escuro. Como nunca fora um herói por natureza, aliás alguns o apontariam, antes daquele dia, como desprovido de qualquer coragem, seu instinto o impelia em correr o mais rápido possível. Talvez procurasse ajuda posteriormente, mas primeiro precisava salvar a própria pele.

Não tenha este como um pensamento mesquinho. É preciso estar a um passo do inimigo para desejar estar o mais longe dele e somente diante o do perigo é possível entender esse tipo de reação. Contudo, naquele dia, o instinto de sobrevivência deu lugar a outro tipo de sentimento. Enquanto passava pela entrado do beco, pode ver a doce e ruiva donzela, quase que de relance, tentando se levantar do chão, quando era golpeada novamente por um guarda e caia desacordada. Aquela visão de pouco mais de dois segundos, foi o suficiente para fazê-lo parar de forma abrupta.

Queria correr, sair dali o mais rápido possível. Pensou que o medo intenso o teria deixado paralisado, afinal não seria a primeira vez, mas não. Desta vez era um sentimento nobre que o instigava a fazer algo. E então assim, sem pensar, tomado por um impulso frenético, de um sentimento totalmente novo, giro sobre os pés, dando meia volta, e partiu, sem qualquer tipo de controle raciocínio lógico, em direção do beco e em seguida do guarda que golpeou a pobre dama.

Visto de longe, a cena seria no mínimo curiosa, de um homem enlouquecido, sem grandes atribuições físicas, correndo em direção de um soldado armado começava a arrastar o corpo inerte de uma mulher.
Cheio de coragem, algo que intitularia como “sangue nos olhos” e muita vontade, além de nenhum bom senso, Dudu sequer conseguiu ver o que acontecera, parando somente ao esbarrar em seu alvo e cair no chão a pouco mais de dois metros dele. Por alguns segundos, atordoado, apenas pode ouvir alguém esbravejando. Quando conseguiu enxergar novamente, vira o guarda que esbarra levando-se, com a ajuda de um companheiro. Sim meu amigo, havia dois guardas ali e com olhares nada amistosos voltados para o bardo.

O turbilhão de ideias, envolvidas em um sentimento de pânico quase incontrolável, tomavam conta do artista da flauta doce, enquanto observava os guardas, já com armas em punho, vindo em sua direção. Em uma fração de segundo, por puro instinto, lembrou-se de um truque que aprendera logo que chegou ao reino da Rocha Branca. Consistia basicamente em iludir seus agressores com uma espécie de som fantasmagórico, iludindo suas mentes com algo que não existia. Assim sendo, de fora do beco, vozes foram ouvidas:

- Vamos homens, Dudu deve estar por aqui!

Um eco que simulava uma multidão acompanhou a frase. Era como se pelo menos vinte pessoas estivessem vindo. Estalidos de metal e armas também puderam ser ouvidos, então seriam guerreiros armados. A voz trêmula e amedrontada do bardo, respondera com um pedido que fora convincente.

- Aqui amigos. Estou aqui nesse beco. Ajudem-me.

Antes que pudesse ver qualquer coisa, um dos guardas virou-se e pôs-se a correr. Com certeza o que estavam fazendo ali não era licito, então não seria nada bom se o pegasse. O outro, entretanto parecia desconfiado e mesmo com o truque tendo seu efeito, partiu em uma investida, desferindo um potente golpe de espada contra Dudu.
O bardo virava-se tentando de forma infantil, proteger-se com as mãos nuas. Já podia sentir a dor da lâmina, enquanto essa rasgaria seu pescoço, em um movimento bruto e sem piedade. Porém um brilho forte como o de uma chama branca foi tudo que vira e o sentimento que esperava de dor fora frustrado.

Depois de alguns segundos, quando notou que não foi atingido, espiou por entre os dedos e pode ver o guarda caído, com algumas marcas avermelhadas próximo ao queixo. Seu olhar, por um instante voltou a mulher dos cabelos de fogo, que estava próxima a ela. Ela estava de olhos abertos, com uma das mãos apontadas para aquele guarda, como um último sinal de esforço, antes de desfalecer novamente.

Sem entender o que havia acontecido e consciente de que ainda estava vivo, porém nada seguro, Dudu levantou-se, sacodindo a terra de suas roupas e quase que por instinto, apanhando a mulher e a colocando apoiada em seus ombros. Na verdade, inicialmente tentou carrega-la, mas o uso na flauta não havia lhe dado muitos músculos e por isso não foi capaz.
Já estava amanhecendo, por isso o músico se apressou, andando pelos cantos das ruelas ainda sem praticamente nenhuma alma circulando, até chegar à estalagem onde passaria a noite.

- Ela bebeu demais.

Estas foram as palavras do bardo para a dona da estalagem, quem sem olhar direto para ele, como se aquilo fosse comum entre os bardos, respondeu enquanto o levava até o quarto.

- Certo, apenas evite fazer muito barulho.

Com um sorriso amarelo e com as bochechas coradas o bardo adentrou a quarto e colocou a mulher na cama. Os olhos deles, mesmo sem perceber percorreram toda a mulher, mesmo sem querer. Ela tinha um tipo mais esguio, com o rosto um pouco mais fino.

- Meu Deus... Um Elfo? Quer dizer, uma Elfa, sei lá.

A frase escapou pelos lábios de Dudu, quando conseguiu prestar atenção às orelhas protuberantes daquela mulher. Que na verdade, não eram assim tão protuberantes, quanto de um elfo que conhecera em outro vilarejo mais ao sul. Ainda assim, aquilo o manteve acordado por mais quase por varias, até que o cansaço da viajem e do longo tempo sem dormir o venceram e ele dormiu sentado, à beira da cama.

Crônicas Cinzentas - O Bardo [Parte 01]

Histórias sobre heróis das Terras Cinzentas? Poderia contar-lhe várias.

Sobre os bravos caçadores de Orcs do Vale do Medo, sobre os antigos e temidos Cavaleiros da Noite do reino da Rocha Branca, sobre os Elfos Corredores, das Florestas do Leste. Diziam que eles eram tão velozes quanto o mais rápido cavalo dos Andarilhos da Areia. Os mesmo andarilhos que dominaram os Gigantes de Sal nas Terras Áridas. Histórias sobre guerreiros anões do norte, Caçadores de Dragões ou os grandes Feiticeiros de Azora, detentores dos conhecimentos do mundo e de toda sua magia.

Porém, se quiser ouvir uma história realmente incrível, ela começa com a mais improvável figura que você pode imaginar. Alguém como eu, que junto de seus amigos e quase que sem querer, foi protagonista de uma das maiores aventuras que conheço.

Sim, estou falando de um bardo. Talvez do mais estranho de todos os Bardos. Mas essa é uma longa história, quer mesmo que eu conte? Possivelmente não terminarei hoje. Terás paciência de me ouvir durante todo esse tempo? Certo, então vamos lá... Adoro contar uma boa história a bons ouvintes.

O nome deste, no mínimo peculiar, Bardo é Dudu. Na verdade, acredito que esse não é seu nome verdadeiro, mas assim que ele era conhecido. E se acha esse nome esquisito, tinha que ouvir de onde ele, Dudu, dizia que vinha. Descrevia tudo como enorme maestria. Itens maravilhosos e lugares inacreditáveis. Lugar que, passou a chamar somente de “sua terra”.

Em minha opinião, um grande contador de histórias. Tinha um coração muito bom, gostava de ajudar sempre que possível e era um excelente músico. Tocava uma flauta doce quando o conheci e tinha muita habilidade com esse tipo de instrumento. Do que me lembro, viveu por algum tempo em uma cidade chamada Pedra Cortada, no reino de Rocha Branca.
Desde que chegou a cidade, procurou entender os costumes locais, dos quais, segundo ele mesmo afirmava, eram muito diferentes dos seus.

O relato mais intrigante de sua chegada estava ligado a um item, que segundo o próprio, tinha trazido de “sua terra” e que não existia por aqui. Um instrumento musical cujo nome não me arrisco a dizer, mas que produzia um som peculiar e quase impossível de ser reproduzido. Dourado e de tamanho razoável, logo atraiu a atenção dos guardas daquela cidade, que confiscaram o instrumento, sem maiores justificativas e o levaram para o rei. A história é tão estranha quanto à própria origem de nosso querido amigo Dudu, que não costumava mentir, mas fantasiava muito sobre a realidade.
Sempre disse que o quão antes fosse possível, iria até o rei e pediria por seu raro instrumento novamente. Ideia que mantinha fixa e que por vezes comentou, durante suas inspiradas e por vezes divertidas narrativas.

Como bom bardo que era não demorou a se instalar na cidade, mais especificamente, na taverna de Pedra Cortada. Com seu talento inegável, em pouco tempo ele caiu no gosto popular dos habitantes locais. Apresentações na cidade e nos vilarejos próximos começaram a lhe render, além de fama, um bom dinheiro. Não podia dizer que era rico, mas vivia em uma estalagem confortável, comia todos os dias, o que é algo um tanto difícil para a maioria dos irmãos de profissão, e tomava muitos banhos. Definitivamente, com uma frequência bem maior do que eu jamais me acostumaria.

Levava uma vida boa e tranquila, mas sentia que algo lhe faltava. Nós bardos, apesar de prezarmos muito por uma vida boêmia, possuímos um espírito saudoso e aventureiro, que em muitos, permanece adormecido por toda uma vida, mas não em Dudu. Seu ímpeto aventureiro foi despertado pelo mais antigo e clichê motivo que existe. Motivo este que move a humanidade e todos os povos por muitas eras, de uma modo que ninguém sabe explicar exatamente o como e o por que... Uma mulher.
Sim, nosso bardo teve despertado em si, um sentimento muito mais forte do que simplesmente o senso de justiça e de proteção do mais fraco. Algo que, sequer saberia explicar e que manteria guardado por muito tempo, o levou a agir.

Olá mundo... do RPG!

Nada mais gratificante do que inaugurar um espaço como este.

O blog Guerreiro Bardo, vem com o intuito de contar histórias (ou estórias) sobre mundos fantásticos, gerados por uma mente criativa que gosta de RPG, Tolkien, mitologia nórdica e todos os demais assuntos relacionados aos mundos fantásticos destas brilhantes mentes que nos rodeiam.

A ideia inicial é "contar um conto" elaborado a muito tempo, ambientado em um mundo fantástico criado por mim. Algumas destas passagens já foram vividas por personagens reais, em uma crônica narrada por mim. Momentos incríveis, cuja narração foi apenas o pano de fundo para interpretações geniais de alguns amigos.

O que se seguirá é a minha visão das situações, como alguém que conta uma estória, de acordo com o que ele se lembra ou com que ele sabe ou lhe foi contado. Uma grande apresentação, de um velho contador de estórias, um bardo guerreiro, cujas habilidade são postas a prova a cada conto.

A frequência inicial das postagens será maior, pois tenho já algum material pronto. Tentarei manter post's com um tamanho razoável e de fácil leitura. Se tiverem qualquer comentário ou crítica, por favor, sintam-se a vontade para fazê-lo. Apenas peço coerência.

Quanto a mim, sou um RPGista "old school" que beira os trinta anos. Uns quatorze destes muito ligados ao RPG. Comecei um pouco tarde, mas foi uma paixão rápida e avassaladora. Curto tanto D&D e cenários de fantasia quanto o storyteller do WoD. Prezo, acima de tudo o role-play, acredito que isso é algo que todos que jogaram comigo podem confirmar.

Já joguei e narrei jogos de mesa, via fórum (famoso PbF), por chat e também dediquei mais tempo do que minha saúde gostaria de MMO's. Se existe algum melhor? Prefiro não levantar qualquer discussão, apenas com uma verdade universal: RPG de Mesa é "insubstituível".

Em um tempo onde vincular o nome real em qualquer coisa na internet era algo totalmente impensado, ganhei diversas alcunhas. Dentre as mais conhecidas: Bradd, Mestre Amsterdam(ou Narrador Amsterdam) e Salada. Os motivos desses "apelidos"? Os mais diversos, mas quem me conheceu assim sabe e isso é o que importa. Hoje em dia, gosto de ser chamado de Fábio. :)

Para não me alongar mais, peço a todas que divirtam-se com as aventuras e se tiverem dúvidas, me procurem.