quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Conheça os #BardoFacts - Leia e crie o seu!

Desde o nosso querido amigo Chuck Norris, as séries de “facts” acompanham todas mídias, mesmo fora da web, homenageando ou mesmo trollando personalidades e conceitos dos mais diversos. O RPG já teve algumas menções em sua homenagem, brincando com situações inusitadas e divertidas das mesas, fóruns ou em games on line.

Pensando nisso, sugeri no twitter e resolvi repassar para o blog Guerreiro Bardo, uma sessão de facts com a classe mais perseguida polêmica do D&D. O Bardo.

Uma classe criticada por suas limitadas habilidades em combate, porém amada por aqueles que curtem a interpretação acima de tudo, o Bardo é sempre um personagem que tem uma atitude inusitada, quando menos se espera.

Nunca se sabe quando ele começara a cantar, em meio a um batalha sangrenta. Quando seus gritos de guerra serão aclamados, seus instrumentos invocados... Ou quando ele, simplesmente vai desaparecer da vista de todos. Afinal, talento artístico e carisma sempre foram sua marca, a coragem não.

Existem também os bardos guerreiros, os bardos feiticeiros, bardos de todos os tipos, fortes, corajosos e inteligentes, mas com algo em comum, sempre: são Bardos. Um conceito único encontrado apenas naqueles que escolhem está classe como sua.

Seguem alguns facts, proporcionados por aventuras das quais participei, enaltecidos por personagens criativos e pérolas inesquecíveis. Para ficar mais divertido, comentem e criem seu próprio #BardoFacts, seja para enaltecer ou simplesmente “zoar” a classe mais “no sense” do D&D.

#BardoFacts

"Ser heróico em uma batalha é fácil. Difícil é fazer isso cantando uma bela canção..."

"Ser Bardo não é tão fácil quanto parece... Hm, na verdade é sim. "

"Nenhum conhecimento é tão importante e útil quanto o de Bardo!"

"Jamais compare um Bardo com uma prostituta. Ele ficará muito bravo e provará que está errado "tocando uma" pra você!"

"Não é o bardo que vence que conta a história... É o que se esconde melhor!"

"Bardos nunca morrem em combate... Sabem fugir como poucos."

"Um bardo é útil a todo momento... Menos quando se precisa de silêncio."

"Bardos... Uni-vos! Precisamos matar nossos inimigos... Nem que seja de tédio"

"Assistindo a um comercial de seguros com o Biafra, me lembrei de algumas canções... Eh irritante inspirador!"

"Bardos cantam muito bem, tocam instrumentos e são carismáticos como poucos... Porque precisariam de coragem?"

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Crônicas Cinzentas - A taverna de Carvalho Rubro [Parte 02]


Continuação...


Noite adentro, durante uma pausa depois de pouco mais de dez canções, muitas delas exigindo todo fôlego do bardo que tinha de se esforçar para ser ouvido, o chapéu já continha quarenta peças de cobre e pelo menos vinte peças de prata. Poucas horas depois, o local não estava mais tão cheio e os que ali estavam, já mantinham um nível de etílico no sangue bem elevado.

Chamava a atenção uma mesa próxima, onde estavam cinco ou seis guerreiros, todos eles fortes, “mal encarados” e bêbados. Falando alto, xingando e atirando algumas canecas vazias em quem estava por ali, com certeza estavam a procura de confusão. Aqueles que eram agredidos verbal ou fisicamente pelos “valentões” não ousavam enfrenta-los, baixavam suas cabeças e se afastavam rapidamente, intimidados pelas espadas a mostra e cicatrizes profundas, daqueles que pareciam ganhar a vida em batalhas.

Não demorou para que o alvo daqueles baderneiros fosse o bardo e logo em seguida, a feiticeira. Inicialmente, palavras ofensivas a música de Dudu, logo depois, um deles levantou-se foi até Nina.

Era um homem alto, corpulento, com feições rudes e uma grande cicatriz no lado esquerdo da face. Parou em frente a Nina e ficou olhando-a por alguns segundos, com um semblante sombrio. Fora retribuindo com um sorriso amarelo e sem graça, da feiticeira que estava querendo ser educada, enquanto dava um passo para trás de forma sutil. Esta ação, contudo, não impediu o homem de saltar em sua direção e tentar agarra-la.

Ágil e já esperando uma atitude como aquela, a jovem meio-elfo conseguiu esquivar-se do valentão bêbado, que não desistiu e tentou uma nova investida. A bebida, porém, parecia estar cobrando seu preço pois a tentativa fora novamente rechaçada além de fazê-lo perder o equilíbrio e cair.

O evento chamou a atenção de Dudu, que pode ouvir além dos urros do mercenário caído no chão, que amaldiçoava Nina com um palavreado chulo e vulgar, os grunhidos dos companheiros dele acusando “aquela mulher” de tê-lo derrubado. E enquanto o “encrenqueiro” que estava caído se levantava, os demais já se aproximavam da meio-elfo, cercando-a.

O bardo exitou por um momento. Interrompeu a música de forma abrupta querendo intervir, contudo não sabia exatamente o que fazer. Aquela situação era delicada, mas ele precisa fazer alguma coisa. E a forma mais conveniente seria usando sua melhor habilidade: O carisma.

- Acalmem-se amigos! Ela não vale o incômodo. Vamos beber e festejar... A próxima rodada é por minha conta!

Possivelmente aquilo teria funcionado em uma situação comum, afinal o Dudu é um diplomata nato, entretanto o homem que caiu estava com tanta raiva, a ponto de rosnar para o ele, enquanto falava. Junto do rosnado tomou a caneca mais próxima e atirou contra o Bardo, acertando-o na cabeça. O golpe abriu um corte sobre o supercílio e o fez cair atordoado e sangrando.

Vendo aquela cena Nina tentou correr até seu amigo, mas foi segura, pelo capuz e pelos cabelos, sendo impedida de andar e revelando sua verdadeira natureza. Todos podiam ver, com clareza, as protuberantes orelhas da meio-elfo que foi atirada no chão, com violência, antes que pudesse proferir uma palavra sequer.

Aqueles mercenário não estavam ali por acaso, com certeza. O homem que havia tentado agarra-la inicialmente e que atirara a caneca que acertou Dudu em cheio era conhecido como Blake. Líder de um grupo de mercenários conhecidos como Perdigueiros do Deserto. Famosos por fazer todo o tipo de trabalho sujo, sem o menor escrúpulo, desde que sejam pagos por isso. Todos ali eram hábeis combatentes e não vinham a um lugar sem motivo. Se eles estavam ali, perseguiam alguém.

Caída no chão, Nina viu Blake se aproximando devagar, com um sorriso maligno no rosto, segurando um grande faca, outrora embainhada, que mais parecia uma espada. A lâmina era muito afiada e cheirava de sangue como se fosse feita do mesmo.

- Não achei que perseguir um “mestiço orelhudo” fosse divertido e fácil. Não era bem você que estava procurando, mas deve servir.

A voz de Blake era grave e rouca, quase um rosnado de um grande felino. Os demais “perdigueiros” rodeavam a feiticeira que, mais de uma vez foi golpeada por pontapés, quando tentou levantar-se ou falar qualquer coisa.

Com Dudu caído, pareciam que as esperanças de Nina haviam se extinguido. Blake aproximou o “facão” de seu rosto, próximo de sua orelha, fazendo menção que a cortaria fora e possivelmente era o que realmente faria. A feiticeira não conseguiu se conter, fechando os olhos e os pressionando, desejando que tudo aquilo não passasse de um sonho ruim. Quando ergueu o braço para desferir o golpe, um zunido agudo que terminou com um impacto seco foi tudo que pode ser ouvido e depois silêncio.

O silêncio só fora quebrado pelo urro de Blake, que ecoou por toda a sala. Os outros mercenário apenas viram o facão caindo da mão de seu líder, girando no ar e atingindo o chão de madeira da taverna. O som, fez com que Nina abrisse os olhos e mirasse eu agressor. Ele gritava e xingava pois tinha uma flecha atravessando seu antebraço.

Todos se viraram para a direção de onde pariu o projétil. Um homem sozinho, no outro canto da taverna, coberto com capa e capuz, que ocultava os olhos mas não seu sorriso de satisfação, segurava um arco e fitava os mercenários, ainda boquiabertos.

- Acho que sou eu que vocês estão procurando!

Ele puxou o capuz para traz, revelando orelhas ainda mais protuberantes do que Nina, rosto mais fino e um semblante peculiar. Era um elfo!

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Crônicas Cinzentas - A taverna de Carvalho Rubro [Parte 01]



Como era de se imaginar, Dudu e a meio-elfo Nina continuavam com suas apresentações por pequenos vilarejos do reino da Rocha Branca. A amizade e a cumplicidade entre os dois aumentava cada vez mais. Depois de dois meses, tudo de ruim que havia acontecido já estava no passado. O bardo e a feiticeira dançarina conseguiam um bom dinheiro com suas apresentações, toda a noite conquistando fama e atraindo a atenção de todos. Com o passar do tempo isso acabou sendo definitivo para o que ocorrera.

O sucesso fez com que Dudu fosse convidado para fazer uma apresentação na taverna da Vila do Carvalho Rubro, ao sul de Pedra Cortada. Seria o mais perto que chegara da cidade onde se encontraram pela primeira vez. Ele hesitou inicialmente, uma vez que achava arriscado apresentar-se naquele local. Contudo, foi persuadido por uma quantia considerável que lhe era oferecida pelo dono daquela taverna, algo pouco comum naqueles dias e encorajado pela própria meio-elfo.

- O que poderia acontecer conosco? – dizia Nina – Se ainda estivessem atrás de mim, já teriam nos encontrado.

O bardo sabia que meio-elfos não eram bem-vindos nas cidades próximas da capital. Algumas pessoas acreditavam que foram os mestiços que causaram a ruína e a decadência de seu reino, repetindo a palavras do antigo rei. Isso, por si só, já deveria ser o suficiente para impedi-lo de ir até lá acompanhado de alguém como Nina. Além de, é claro, a origem da meio-elfo se um mistério e seu único passado conhecido dela ser um cativeiro. Contudo, ainda assim ele o fez, afinal, prudência nunca foi uma qualidade de bardos.

Os dois partiram quando ainda era bem cedo, assim chegariam em seu destino pouco depois da metade do dia, isso evitou perguntas e muitos olhos curiosos. Uma feira muito frequentada, era o que movimentava o vilarejo para onde foram. Principalmente durante o festival da colheita, que era o maior evento daquela região e estava acontecendo naquela semana. Nada melhor do que um pouco de multidão para se passar despercebido.

A viajem foi tranquila. Conseguiram deslocar-se rapidamente, graças ao cavalo que Dudu comprara dias atrás, com parte do dinheiro que tinham ganho. A entrada no vilarejo também não gerou problemas. Um simples manear de cabeça foi o suficiente para que os guardas abrissem caminho. Parecia que toda aquela preocupação tinha sido exagerada.

Nina, no entanto, percebia os olhares de reprovação quando alguém que a fitava, principalmente os mais velhos, e reconheciam sua origem. Era como se vissem algo repugnante e ofensivo. Notoriamente, continham suas emoções e apenas esbravejavam. Em um local diferente a feiticeira seria alvo de ofensas, objetos seriam atirados nela e com certeza a situação não terminaria bem. Contudo a presença de raças amenizava um pouco os ânimos. Além de humanos, era comum ver por ali gnomos, criaturas até semelhantes aos elfos, mas bem menores, e anões, de pouca estatura, mas muito corpulentos.

Já na estalagem, o restante do dia até a apresentação, foi sem surpresas. Dali saíram somente para ir até a taverna, já no entardecer, para conversar com o taverneiro que concordou em adiantar somente dez porcento do combinado. O que restara pagaria no final da apresentação, o que parecia justo diante do elevado montante oferecido. Cinco peças de ouro é o que o bardo receberia por uma noite de apresentação. Fora o que coletaria com o famoso "chapéu de bardo". Estava pensando em sair dai, naquele dia, com talvez, sete, oito ou, com sorte, dez peças de ouro. Algo que poderia mantê-los por um bom tempo.

A taverna era simples porém bem decorada e poderia abrigar confortavelmente cinquenta pessoas. Tinha muita gente desde cedo, por conta do festival e o público aumentava ao cair da noite. Pequenas mesas rústicas e bancos feitos de tronco de carvalho era onde se acomodavam as pessoas que chegavam. Muita fartura nas mesas com cordeiros e leitões assados, milho e queijo. Tudo regado a muito vinho e hidromel. Conforme a noite caía, a dança das chamas de um enorme candelabro que ficava suspenso sobre o salão, deixava o ambiente ainda mais festivo. Aproximadamente oitenta velas, com suas chamas dançantes, apresentavam um espetáculo a parte.

A apresentação do bardo, começou um pouco turbulenta, devido ao ruído das quase noventa pessoas que se acotovelavam na taverna. Muito barulho de um público já um pouco embriagado, impediam que as primeiras canções do bardo pudessem ser ouvidas com atenção. Contudo, sem demora o bardo iniciou uma famosa canção, que falava sobre festas, mulheres e muitas bebida. Isso com certeza atraiu a atenção do público que acompanhou Dudu em meio a grunhidos e urros. Ao final, uma calorosa salva de palmas e algumas peças de cobre e prata mostraram que o público havia sido conquistado. Nina inicialmente se mantivera sentada, ao lado do pequeno palco improvisado.

Olhos curiosos fitavam Dudu e Nina o tempo todo. Algumas coisas parecem ser escritas pelo destino e não importa o caminho que se tome, o destino é o mesmo. Para o mal e para o bem, alguns eventos importantes que marcariam a caminhada dos dois aconteceriam ainda naquela noite.


[Continua...]