quarta-feira, 31 de agosto de 2011
De onde vieram e o que são as Crônicas Cinzentas
quinta-feira, 25 de agosto de 2011
Crônica Cinzenta - Nina, a Meio-elfo
Quando acordou estava deitado naquela mesma cama, sozinho e coberto por uma pesada colcha de retalhos e penas. Muito confortável. Por alguns segundos, enquanto se espreguiçava, sequer lembrou-se do que ocorrera estava com a mente limpa e descansada. No instante seguinte, um turbilhão de lembranças e emoções da última noite o atordoaram, no momento em que vislumbrou aquela que viria a ser sua mais fiel companheira.
Eles se olharam por algum tempo, até que as primeiras palavras foram ditas. Um leve sorriso foi o que impulsionou as palavras de Dudu, trêmulas devido ao nervosismo.
- B-bom d-dia.
Mesmo para o Bardo que era acostumado com a atenção destinada a si e os olhares do público sobre ele, sua voz fraquejou por um instante. Porém, aquelas palavras iniciais, puras e sinceras despertaram um sorriso ainda mais confiante da jovem para com ele. Dudu emanava uma aura de bondade e sempre foi muito carismático e querido por onde passou, isso inspirava confiança, mesmo antes de conhecê-lo.
Poderia narrar aqui cada frase dita durante toda a conversa, ainda assim não compreenderiam o que foi falado. Assim como poderia descrever as emoções de cada um para com o outro, mas acredito que apenas estando lá, seria possível compreender o que isso representava. Sendo assim, me limito a dizer que um sentimento de confiança perpetuou a amizade destes dois, naquele momento e pelo resto de suas vidas. NINA, era o nome da meio-elfo que passou a acompanhar Dudu a todo lugar, ficando junto dele a partir daquele dia.
Isso mesmo, uma MEIO-ELFO, naquelas terras onde os mestiços sempre foram caçados. Ela não tinha lembrança alguma de onde viera ou como chegou ali. Lembrava apenas de seu nome, ou pelo menos de como a chamavam, e de que, nas últimas semanas, conheceu um mundo violento e preconceituoso. Dudu foi o “ponto fora da curva” na vida dela. Jovem, de corpo esguio e curvas provocantes, que por vezes atraiam a atenção do Bardo mais do que seu cabelo de cor peculiar, seus olhos misteriosos ou suas orelhas protuberantes, a marca registrada de sua raça.
Mesmo sem qualquer memória significativa de sua vida, a meia-elfo parecia conhecer muitas coisas, algumas de forma quase instintiva. Os conhecimentos arcanos que possuía, inicialmente impressionaram Dudu, que viria a descobrir poucos dias depois, que sua amiga era uma feiticeira. Isso explicaria muito do que viu a respeito de Nina.
Passado aquele turbilhão de emoções, o bardo avistou um problema em ter a meio-elfo como sua acompanhante. Como o “ganha-pão” dele era basicamente se apresentar para outras pessoas e Nina ainda estava um pouco insegura em ficar sozinha, precisava pensar em algo para leva-la consigo. Inicialmente o capuz, esse seria indispensável a qualquer momento que a meio-elfo deixasse a estalagem, mas só isso não seria o suficiente para ela o acompanhar nas tavernas. Contudo, foi sua música favorita quem solucionou o problema.
Enquanto tocava sua flauta e pensava sobre o que faria a jovem meio-elfo começou a dançar. Primeiro de forma tímida, mas não por muito tempo. Seu desempenho fora ímpar, com movimentos leves e sensuais. Uma dança natural, misteriosa e provocante, seguindo o ritmo tocado pelo bardo que ficou hipnotizado, até ter a sua epifania. A partir desse dia, Nina passou a ser a dançarina ruiva de Dudu, o Bardo.
Suas apresentações a partir deste dia lhe trariam mais fama e algum dinheiro. A dançarina completava as excelentes performances de Dudu e era algo diferente. Porém, aqueles que perseguiam a moça não haviam desistido e não demorariam a encontra-la daquele jeito, mas essa já é outra história, que contarei em breve.
quinta-feira, 18 de agosto de 2011
Crônica Cinzenta - O reino da Rocha Branca
Deixe-me contar-lhe sobre o Reino da Rocha Branca, que viveu sua ascensão a pouco mais de três séculos, quando a dinastia Shub uniu os reinos menores das terras meridionais e todos os reinos dos homens ficaram sob uma única bandeira. Infelizmente, o período em que reino tornou-se mais conhecido e poderoso não foi o mais nobre. Apesar de que isso não é uma novidade entre os humanos. São sempre as piores coisas que causam os maiores impactos.
Quando Zillion Shub, "O Louco" assumiu o poder um conjunto de mudanças se iniciaram. O fortalecimento de seu exército e o aumento dos impostos foi o primeiro sinal, mas não o maior. Além de mandar esculpir a maior estátua já vista, na encosta dos montes Escarlates, homenageando seu pai, ou a si mesmo, como muitos alegam, o soberano promoveu a maior chacina racial já vista em toda Terra Cinzenta. Os "mestiços" como ele começou a chamar meio-elfos, meio-orcs e posteriormente todos os não humanos, que viviam em várias cidades e vilarejos, foram caçados e mortos sem piedade por todo reino.
Ao ser inquirido sobre os acontecimentos, por elfos e outros povos, se defendeu dizendo que as ações partiam de um grupo extremista que se intitulava "Os Cavaleiros da Noite", não tendo qualquer ligação com ele ou com os soldados do reino. Estes assassinatos terríveis ocorriam com cada vez mais frequência, durante alguns anos, causando terror em qualquer não humano que vivesse no reino. O horror atingiu o seu ápice quando uma vila élfica, que ficava no limite oeste do reino humano, foi atacada e nenhum habitante sobreviveu.
Os elfos se sentiram traídos e resolveram dar um basta naquela situação. Um exército elfico das florestas do sul, comandados pelo Grão-Mestre Ylendor Valmarion foi mobilizado com ordens de marchar para o Reino da Rocha Branca e voltar com as cabeças dos responsáveis, mesmo que isso significasse trazer a cabeça do próprio rei, Zillion.
O soberano humano, rapidamente enviou um mensageiro às terras élficas, prometendo caçar os responsáveis e faze-los pegar pelo ocorrido. Dizendo ainda que, caso uma coisa como aquela se repetisse, aceitaria as imposições dos elfos, como se ele mesmo tivesse sido o culpado. Desse dia em diante, os ataques cessaram, quase que em sua totalidade, mas o medo ainda existia. Obviamente, nenhum dos reais culpados foi preso ou condenado.
Quase sessenta anos depois, quando o trono da Rocha Branca passou ao filho de Zillion, Zonnor Shub, "O justo" é que a verdade foi revelada. O antigo monarca havia formado a Ordem dos Cavaleiros da Noite, com ordens claras de "limpar" o reino livrando-se dos "mestiços". O próprio Zonnor a dissolveu, contrariando as suplicas do pai em seu leito de morte, que acreditava realmente, que eles eram superiores. Que as demais raças, poluíam aquelas terras, só pelo fato de respirarem, de andarem pelos campos. Enquanto confessava suas atrocidades, foi chamado de louco pelo filho e essa passou a ser sua alcunha.
Assim, por mais de 30 anos, a paz entre os povos foi mantida. A aliança e a confiança com os elfos estavam sendo restauradas. Após um pedido formal de desculpas, o monarca colocou-se sob a espada e a justiça do povo élfico, recuperando sua honra e seu respeito. Porém, nada que é bom, dura muito, o mais justo dos monarcas partiu cedo, deixando o ainda adolescente Zink’or Shub, que se auto intitulou "O Puritano", mas que receberia a alcunha de "O assassino" anos depois traria novamente o terror a toda e qualquer raça, não humana.
Mas essa história vai além do meu breve resumo, então vamos voltar a falar de Bardo e de sua nova amiga.