quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Crônica Cinzenta - Nina, a Meio-elfo

Voltamos a falar de nosso amigo bardo. Onde estávamos mesmo? Ah sim! Na noite em que ele a levou para a estalagem consigo. Na noite em que adormeceu sentado em uma cadeira velha de carvalho, olhando a bela frágil mulher na cama, pensando em tudo que tinha acontecido e no que tinha feito, mas sem imaginar o que ainda viria.

Quando acordou estava deitado naquela mesma cama, sozinho e coberto por uma pesada colcha de retalhos e penas. Muito confortável. Por alguns segundos, enquanto se espreguiçava, sequer lembrou-se do que ocorrera estava com a mente limpa e descansada. No instante seguinte, um turbilhão de lembranças e emoções da última noite o atordoaram, no momento em que vislumbrou aquela que viria a ser sua mais fiel companheira.

Eles se olharam por algum tempo, até que as primeiras palavras foram ditas. Um leve sorriso foi o que impulsionou as palavras de Dudu, trêmulas devido ao nervosismo.

- B-bom d-dia.

Mesmo para o Bardo que era acostumado com a atenção destinada a si e os olhares do público sobre ele, sua voz fraquejou por um instante. Porém, aquelas palavras iniciais, puras e sinceras despertaram um sorriso ainda mais confiante da jovem para com ele. Dudu emanava uma aura de bondade e sempre foi muito carismático e querido por onde passou, isso inspirava confiança, mesmo antes de conhecê-lo.

Poderia narrar aqui cada frase dita durante toda a conversa, ainda assim não compreenderiam o que foi falado. Assim como poderia descrever as emoções de cada um para com o outro, mas acredito que apenas estando lá, seria possível compreender o que isso representava. Sendo assim, me limito a dizer que um sentimento de confiança perpetuou a amizade destes dois, naquele momento e pelo resto de suas vidas. NINA, era o nome da meio-elfo que passou a acompanhar Dudu a todo lugar, ficando junto dele a partir daquele dia.

Isso mesmo, uma MEIO-ELFO, naquelas terras onde os mestiços sempre foram caçados. Ela não tinha lembrança alguma de onde viera ou como chegou ali. Lembrava apenas de seu nome, ou pelo menos de como a chamavam, e de que, nas últimas semanas, conheceu um mundo violento e preconceituoso. Dudu foi o “ponto fora da curva” na vida dela. Jovem, de corpo esguio e curvas provocantes, que por vezes atraiam a atenção do Bardo mais do que seu cabelo de cor peculiar, seus olhos misteriosos ou suas orelhas protuberantes, a marca registrada de sua raça.

Mesmo sem qualquer memória significativa de sua vida, a meia-elfo parecia conhecer muitas coisas, algumas de forma quase instintiva. Os conhecimentos arcanos que possuía, inicialmente impressionaram Dudu, que viria a descobrir poucos dias depois, que sua amiga era uma feiticeira. Isso explicaria muito do que viu a respeito de Nina.

Passado aquele turbilhão de emoções, o bardo avistou um problema em ter a meio-elfo como sua acompanhante. Como o “ganha-pão” dele era basicamente se apresentar para outras pessoas e Nina ainda estava um pouco insegura em ficar sozinha, precisava pensar em algo para leva-la consigo. Inicialmente o capuz, esse seria indispensável a qualquer momento que a meio-elfo deixasse a estalagem, mas só isso não seria o suficiente para ela o acompanhar nas tavernas. Contudo, foi sua música favorita quem solucionou o problema.

Enquanto tocava sua flauta e pensava sobre o que faria a jovem meio-elfo começou a dançar. Primeiro de forma tímida, mas não por muito tempo. Seu desempenho fora ímpar, com movimentos leves e sensuais. Uma dança natural, misteriosa e provocante, seguindo o ritmo tocado pelo bardo que ficou hipnotizado, até ter a sua epifania. A partir desse dia, Nina passou a ser a dançarina ruiva de Dudu, o Bardo.




Suas apresentações a partir deste dia lhe trariam mais fama e algum dinheiro. A dançarina completava as excelentes performances de Dudu e era algo diferente. Porém, aqueles que perseguiam a moça não haviam desistido e não demorariam a encontra-la daquele jeito, mas essa já é outra história, que contarei em breve.

3 comentários:

  1. Comentários e críticas sempre são bem vindas. Não só referente ao conto, mas também ao modo como ele é escrito.
    Com esse feedback é possivel evoluir o formato da escrita e o conto como um todo. Participem!

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  2. ahhhhhhhhh.. agora entendi porque esse bardo tem problemas com as autoridades não importa por onde passa!!!

    Acho que tá bem escrito pra caramba! Um texto simples com um português fácil e, na boa, esse bardo MANJA muito. ehhehe

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  3. Então, a idéia é ser claro e detalhista, porém sem um texto gigante. Tento sempre encontrar um meio-termo para que os contos sejam inteligentes, tenham conteúdo e tenham um tamanho bom, para uma leitura agradável.

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