quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Crônicas Cinzentas - O Bardo [Parte 01]

Histórias sobre heróis das Terras Cinzentas? Poderia contar-lhe várias.

Sobre os bravos caçadores de Orcs do Vale do Medo, sobre os antigos e temidos Cavaleiros da Noite do reino da Rocha Branca, sobre os Elfos Corredores, das Florestas do Leste. Diziam que eles eram tão velozes quanto o mais rápido cavalo dos Andarilhos da Areia. Os mesmo andarilhos que dominaram os Gigantes de Sal nas Terras Áridas. Histórias sobre guerreiros anões do norte, Caçadores de Dragões ou os grandes Feiticeiros de Azora, detentores dos conhecimentos do mundo e de toda sua magia.

Porém, se quiser ouvir uma história realmente incrível, ela começa com a mais improvável figura que você pode imaginar. Alguém como eu, que junto de seus amigos e quase que sem querer, foi protagonista de uma das maiores aventuras que conheço.

Sim, estou falando de um bardo. Talvez do mais estranho de todos os Bardos. Mas essa é uma longa história, quer mesmo que eu conte? Possivelmente não terminarei hoje. Terás paciência de me ouvir durante todo esse tempo? Certo, então vamos lá... Adoro contar uma boa história a bons ouvintes.

O nome deste, no mínimo peculiar, Bardo é Dudu. Na verdade, acredito que esse não é seu nome verdadeiro, mas assim que ele era conhecido. E se acha esse nome esquisito, tinha que ouvir de onde ele, Dudu, dizia que vinha. Descrevia tudo como enorme maestria. Itens maravilhosos e lugares inacreditáveis. Lugar que, passou a chamar somente de “sua terra”.

Em minha opinião, um grande contador de histórias. Tinha um coração muito bom, gostava de ajudar sempre que possível e era um excelente músico. Tocava uma flauta doce quando o conheci e tinha muita habilidade com esse tipo de instrumento. Do que me lembro, viveu por algum tempo em uma cidade chamada Pedra Cortada, no reino de Rocha Branca.
Desde que chegou a cidade, procurou entender os costumes locais, dos quais, segundo ele mesmo afirmava, eram muito diferentes dos seus.

O relato mais intrigante de sua chegada estava ligado a um item, que segundo o próprio, tinha trazido de “sua terra” e que não existia por aqui. Um instrumento musical cujo nome não me arrisco a dizer, mas que produzia um som peculiar e quase impossível de ser reproduzido. Dourado e de tamanho razoável, logo atraiu a atenção dos guardas daquela cidade, que confiscaram o instrumento, sem maiores justificativas e o levaram para o rei. A história é tão estranha quanto à própria origem de nosso querido amigo Dudu, que não costumava mentir, mas fantasiava muito sobre a realidade.
Sempre disse que o quão antes fosse possível, iria até o rei e pediria por seu raro instrumento novamente. Ideia que mantinha fixa e que por vezes comentou, durante suas inspiradas e por vezes divertidas narrativas.

Como bom bardo que era não demorou a se instalar na cidade, mais especificamente, na taverna de Pedra Cortada. Com seu talento inegável, em pouco tempo ele caiu no gosto popular dos habitantes locais. Apresentações na cidade e nos vilarejos próximos começaram a lhe render, além de fama, um bom dinheiro. Não podia dizer que era rico, mas vivia em uma estalagem confortável, comia todos os dias, o que é algo um tanto difícil para a maioria dos irmãos de profissão, e tomava muitos banhos. Definitivamente, com uma frequência bem maior do que eu jamais me acostumaria.

Levava uma vida boa e tranquila, mas sentia que algo lhe faltava. Nós bardos, apesar de prezarmos muito por uma vida boêmia, possuímos um espírito saudoso e aventureiro, que em muitos, permanece adormecido por toda uma vida, mas não em Dudu. Seu ímpeto aventureiro foi despertado pelo mais antigo e clichê motivo que existe. Motivo este que move a humanidade e todos os povos por muitas eras, de uma modo que ninguém sabe explicar exatamente o como e o por que... Uma mulher.
Sim, nosso bardo teve despertado em si, um sentimento muito mais forte do que simplesmente o senso de justiça e de proteção do mais fraco. Algo que, sequer saberia explicar e que manteria guardado por muito tempo, o levou a agir.

3 comentários: