sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Crônicas Cinzentas - A taverna de Carvalho Rubro [Parte 02]


Continuação...


Noite adentro, durante uma pausa depois de pouco mais de dez canções, muitas delas exigindo todo fôlego do bardo que tinha de se esforçar para ser ouvido, o chapéu já continha quarenta peças de cobre e pelo menos vinte peças de prata. Poucas horas depois, o local não estava mais tão cheio e os que ali estavam, já mantinham um nível de etílico no sangue bem elevado.

Chamava a atenção uma mesa próxima, onde estavam cinco ou seis guerreiros, todos eles fortes, “mal encarados” e bêbados. Falando alto, xingando e atirando algumas canecas vazias em quem estava por ali, com certeza estavam a procura de confusão. Aqueles que eram agredidos verbal ou fisicamente pelos “valentões” não ousavam enfrenta-los, baixavam suas cabeças e se afastavam rapidamente, intimidados pelas espadas a mostra e cicatrizes profundas, daqueles que pareciam ganhar a vida em batalhas.

Não demorou para que o alvo daqueles baderneiros fosse o bardo e logo em seguida, a feiticeira. Inicialmente, palavras ofensivas a música de Dudu, logo depois, um deles levantou-se foi até Nina.

Era um homem alto, corpulento, com feições rudes e uma grande cicatriz no lado esquerdo da face. Parou em frente a Nina e ficou olhando-a por alguns segundos, com um semblante sombrio. Fora retribuindo com um sorriso amarelo e sem graça, da feiticeira que estava querendo ser educada, enquanto dava um passo para trás de forma sutil. Esta ação, contudo, não impediu o homem de saltar em sua direção e tentar agarra-la.

Ágil e já esperando uma atitude como aquela, a jovem meio-elfo conseguiu esquivar-se do valentão bêbado, que não desistiu e tentou uma nova investida. A bebida, porém, parecia estar cobrando seu preço pois a tentativa fora novamente rechaçada além de fazê-lo perder o equilíbrio e cair.

O evento chamou a atenção de Dudu, que pode ouvir além dos urros do mercenário caído no chão, que amaldiçoava Nina com um palavreado chulo e vulgar, os grunhidos dos companheiros dele acusando “aquela mulher” de tê-lo derrubado. E enquanto o “encrenqueiro” que estava caído se levantava, os demais já se aproximavam da meio-elfo, cercando-a.

O bardo exitou por um momento. Interrompeu a música de forma abrupta querendo intervir, contudo não sabia exatamente o que fazer. Aquela situação era delicada, mas ele precisa fazer alguma coisa. E a forma mais conveniente seria usando sua melhor habilidade: O carisma.

- Acalmem-se amigos! Ela não vale o incômodo. Vamos beber e festejar... A próxima rodada é por minha conta!

Possivelmente aquilo teria funcionado em uma situação comum, afinal o Dudu é um diplomata nato, entretanto o homem que caiu estava com tanta raiva, a ponto de rosnar para o ele, enquanto falava. Junto do rosnado tomou a caneca mais próxima e atirou contra o Bardo, acertando-o na cabeça. O golpe abriu um corte sobre o supercílio e o fez cair atordoado e sangrando.

Vendo aquela cena Nina tentou correr até seu amigo, mas foi segura, pelo capuz e pelos cabelos, sendo impedida de andar e revelando sua verdadeira natureza. Todos podiam ver, com clareza, as protuberantes orelhas da meio-elfo que foi atirada no chão, com violência, antes que pudesse proferir uma palavra sequer.

Aqueles mercenário não estavam ali por acaso, com certeza. O homem que havia tentado agarra-la inicialmente e que atirara a caneca que acertou Dudu em cheio era conhecido como Blake. Líder de um grupo de mercenários conhecidos como Perdigueiros do Deserto. Famosos por fazer todo o tipo de trabalho sujo, sem o menor escrúpulo, desde que sejam pagos por isso. Todos ali eram hábeis combatentes e não vinham a um lugar sem motivo. Se eles estavam ali, perseguiam alguém.

Caída no chão, Nina viu Blake se aproximando devagar, com um sorriso maligno no rosto, segurando um grande faca, outrora embainhada, que mais parecia uma espada. A lâmina era muito afiada e cheirava de sangue como se fosse feita do mesmo.

- Não achei que perseguir um “mestiço orelhudo” fosse divertido e fácil. Não era bem você que estava procurando, mas deve servir.

A voz de Blake era grave e rouca, quase um rosnado de um grande felino. Os demais “perdigueiros” rodeavam a feiticeira que, mais de uma vez foi golpeada por pontapés, quando tentou levantar-se ou falar qualquer coisa.

Com Dudu caído, pareciam que as esperanças de Nina haviam se extinguido. Blake aproximou o “facão” de seu rosto, próximo de sua orelha, fazendo menção que a cortaria fora e possivelmente era o que realmente faria. A feiticeira não conseguiu se conter, fechando os olhos e os pressionando, desejando que tudo aquilo não passasse de um sonho ruim. Quando ergueu o braço para desferir o golpe, um zunido agudo que terminou com um impacto seco foi tudo que pode ser ouvido e depois silêncio.

O silêncio só fora quebrado pelo urro de Blake, que ecoou por toda a sala. Os outros mercenário apenas viram o facão caindo da mão de seu líder, girando no ar e atingindo o chão de madeira da taverna. O som, fez com que Nina abrisse os olhos e mirasse eu agressor. Ele gritava e xingava pois tinha uma flecha atravessando seu antebraço.

Todos se viraram para a direção de onde pariu o projétil. Um homem sozinho, no outro canto da taverna, coberto com capa e capuz, que ocultava os olhos mas não seu sorriso de satisfação, segurava um arco e fitava os mercenários, ainda boquiabertos.

- Acho que sou eu que vocês estão procurando!

Ele puxou o capuz para traz, revelando orelhas ainda mais protuberantes do que Nina, rosto mais fino e um semblante peculiar. Era um elfo!

4 comentários:

  1. muitoooooo boa narrador.... por essa nem eu esperava... adorei... não sabia que a Nina tinha sido salva pelo Elfo... misterioso... e aí como continua essa história???

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  2. A finalização dessa aventura define muito das motivações dos persogens. Assim que eu terminar de revisar, eu coloco aqui.

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  3. Já deu pra ver que o coitado do bardo tem um azar do cão hauhahuahuhuahau
    Mas na boa.. esse elfo eu conheco ele... é mais vesgo que o mister Bean hauhuhauh
    dá-lhe elfo misterioso... Você estará para sempre nos anais da história :P

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