quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Crônicas Cinzentas - Fagorn, o Paladino [Parte 01]

A história desse homem começa a aproximadamente cem anos atrás, quando ele ainda garoto, foi deixado às portas do Monastério das Almas, nos campos de sementes Vale do Sol. Um vale situado aos pés de uma colina conhecida Sussurro do Vento, ao sul da Floresta dos Sonhos Perdidos. No extremo sul do reino dos homens, a muitos dias de viagem daqui.

Os clérigos que viviam no monastério sempre foram bons homens, devotos dos deuses da bondade, como Yon e da justiça e coragem, como Heironeous. E estes educavam os jovens, orientando-os no caminho da luz. Com estes conceitos cresceu Fagorn Holypride ou "Orgulho Santo".

Hoje é conhecido como "O Cavaleiro da Justiça", "Defensor dos injustiçados", Paladino devoto de Heironeous, munido de uma "fé inabalável", seu nome ecoa pelos quatro cantos do reino do Rocha Branca e em toda a Terra Cinzenta ele é reconhecido... mas nem sempre foi assim. Em seu caminho, muitas vezes sua fé foi testada e por muitas vezes ele fraquejou. Era muito impulsivo e ingênuo. Os clérigos haviam o preparado muito bem seu espírito, os monges, fortalecido seu corpo, mas sua mente ainda era fraca, subjugada frente aos conhecimentos mundanos.

Fagorn sempre fora fisicamente muito forte. Alguns clérigos diziam que ele era filho de cavaleiros do leste, outros que são pai era um gigante do norte e sua mãe uma deusa. Apesar disso, a verdade sobre sua origem sempre fora um mistério, mas era visível que seus pais não eram daquela região, eles eram diferentes. Sua força, seu vigor e sua constituição física eram incríveis.

Enquanto ainda era apenas um aprendiz, ajudava nos campos de semente. Trabalhava durante todo o dia no cultivo da terra. Arando, plantando, colhendo, preparando o solo. Monges e clérigos acreditavam em uma ligação da natureza com suas divindades. Por isso, mantinham todo o meio ambiente ao seu redor em equilíbrio e harmonia. Tinham muito cuidado para não deixar que o cultivo exaurisse as terras. O braço forte de Fagorn ajudava com esses trabalhos.

O limite norte dos campos ficava próximo a um caminho. Uma rota de mercadores que cruzavam os reinos levando seus produtos. Muitos deles, compravam grãos no monastério para revender em outros lugares. Assim, ajudavam os que ali viviam, com mantimentos, roupas e demais coisas, e levavam sementes saudáveis, de todos os tipos, a diversos locais do mundo. Essa disseminação, mesmo que por um certo preço, era algo que os monges apreciavam.

Os monges e clérigos do Monastério das Almas orgulhavam-se muito do caminho que escolheram e instruíam seu pupilos a seguirem fazerem o mesmo. Assim, a linhagem de monges e de clérigos advindos dali se mantinha forte. Fagorn seria um excelente monge, devido sua força ou um abençoado clérigo, devido sua devoção, mas em seu interior, sabia que nenhum dos dois caminhos o realizava. Isso o frustrava e a seus mentores, que tinham medo de "perde-lo para mundo".

Certa vez, uma caravana de guerreiros que marchavam por aquelas terras, parou no monastério para abastecer seu estoque de água e ração. Enquanto a maioria se abastecia ou descansava, alguns faziam uma especie de jogo. Uma disputa de perícia com a espada, similar a esgrima. Fagorn, que na época tinha onze anos de idade, mas um corpanzil de quinze, observava fascinado as espadas girando no ar e se encontrando e movimentos perfeitos e sincronizados. Ele nunca tinha visto nada parecido.



Algumas semanas se passaram, depois que os guerreiros deixaram o lugar, mas todos os dias Fagorn comentava sobre o acontecido. Qualquer galho que encontrava pelo caminho se tornava uma espada, em sua imaginação e essa passou a ser sua principal diversão. Por muitas vezes ele fora advertido que guerreiros não tinham nenhum tipo de devoção ou crença e que faziam o que era preciso por dinheiro ou para seguir ordens. Aquilo sempre o deixava muito triste, contudo em seu íntimo, ele já sabia que seu destino estava no fio da espada, literalmente.

Todas as noites, Fagorn se escondia no celeiro e vivia suas aventuras. Lutava com suas espada de madeira, cujas formas havia delineado em um cabo de foice partido. Planejava o dia que deixaria o monastério e seguiria seu caminho e suas próprias aventuras. Então vinha o sentimento de culpa. Lembrava do que seus mestres falavam sobre os guerreiros e seus atos. Ao final, ajoelhava-se e pedia iluminação divina, depois guardava sua "espada" e ia dormir.

Naquele tempo, a ordem dos paladinos já não existia mais. Os mais jovens jamais tinham ouvido falar de tais homens e os mais antigos, os conheciam apenas em histórias contadas por seus pais ou mestres, quando crianças. Dizem que muitos paladinos foram corrompidos pelo "mal do mundo" outros taxados como fanáticos extremos e todos (ou quase todos) haviam sido expulsos das terras dos homens até virarem lendas. Por quase trezentos anos não se via ou ouvia falar de um homem paladino andando por essas terras. Só que isso estava pra mudar.

Continua...

Um comentário:

  1. Digas com quem andas, que te direi quem és.. já dizia o profeta hehehehe:P

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