segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Escrevendo Aventuras de RPG

O Guerreiro Bardo faz uma pequena pausa nos contos para colocar em pauta um assunto
que tenho discutido na “time line” do Twitter. Estilos literários e narrativas de aventuras rpgisticas.
Acho que todos têm certa percepção e um ponto de vista bem definido
sobre o assunto. Como fui questionado recentemente por isso, resolvi postar
aqui a minha opinião. Gostaria que todos que puderem ler, respondessem via
comentário com opiniões, sugestões e críticas.



ESCREVENDO AVENTURAS DE RPG

Escrever sobre aventuras de RPG, das quais você participou seja como mestre
ou como jogador, parece algo simples e na verdade não tem muito segredo.
Contudo, a empolgação sobre a aventura vivida na mesa e a diversidade de
estilos de narrativa, podem intervir no resultado final do seu texto.

Em minha opinião, antes de começar a escrever, o primeiro ponto que deve
ser levado em consideração é imaginar qual o resultado final que você
espera, que tipo de impressão ou emoções quer passar ao leitor. E é baseado
nesse desejo que você vai optar pelo estilo mais apropriado.

O mais comum é querer impressionar o leitor com os detalhes da mesa, dos
jogadores, o uso das regras e seu conhecimento sobre o sistema. Para
isso, muitos amigos utilizam um método mais descritivo que gosto de chamar
de "Descrição da mesa".

Já vi alguns blogs que escrevem desse jeito e, em minha opinião, para
leitores quem gostam e entendem de role-play e do sistema utilizado adoram
esse estilo. Isso porque esse tipo de narrativa insere quem lê no seu
mundo, e este acaba se sentindo parte do universo. Geralmente, as
narrativas descrevem detalhes do que ocorrera na aventura, as ações e
reações de cada personagem, as jogadas de dados, tudo em uma visão de mesa
mesmo. Eu me divirto muito lendo textos assim.

O ponto negativo desta narrativa é que ela exclui, em partes, quem não
entende muito do sistema usado e leitores em geral, que não jogam RPG.
Ainda assim, ao público rpgista é um excelente método.

Quando a ideia é encher de emoção e demonstrar ao leitor a sua visão da aventura, o melhor método é o do "Conto Romanceado". Trata-se de, basicamente, contar a aventura como em um livro, excluindo qualquer detalhe de regras ou efeitos externos à mesa, narrando o mundo de fantasia como se fizesse parte dele.

Esse estilo de contos romanceados, eu ainda vejo com três subdivisões bem distintas: as narrativas em terceira pessoa, as narrativas em primeira pessoa e uma que mistura os dois estilos e que chamo de "leitura de diário". Trata-se de um terceiro, narrando uma aventura vivida em primeira pessoa. Confuso!? Então vamos lá.

A narrativa em terceira pessoa não tem segredo algum. O escritor assume o papel de um narrador, contando a história com uma visão externa. Geralmente, usado por mestres de mesas de RPG. É o modo mais fácil de dimensionar o que ele vê perante os demais. A narrativa não oscila, mesmo quando vai para detrás dos olhos dos personagens. Clássica... Simples e direta.

A narrativa em primeira pessoa é, justamente, o relato de alguém vivendo a história naquele instante. Não há pistas do futuro ou a visão de outras pessoas. Somente a sua perspectiva, suas impressões, suas noções do que passou e do que está por vir. Gosto de usar em alguns contos, mas é, em minha opinião, difícil de ser seguida por completo, contudo, talvez a melhor forma de um personagem narrar sua participação em uma aventura. Narrando de dentro, como parte de algo maior.

A narrativa "leitura de diário", apesar de parecer confusa, é bem simples. Ela geralmente começa como uma narrativa em primeira pessoa, contudo ela pode "sair do corpo" e avaliar outras impressões ou ocorrências. Pode ser justamente, alguém lendo um diário e tendo, no futuro, as impressões de quem viveu aqueles relatos. Ela pode oscilar dentre os estilos, indo para terceira pessoa e voltando para primeira sempre que necessário, porém mantendo uma continuidade coerente.

Os três estilos, bem comuns em diversos gêneros de livros, de suspense à fantasia. São fáceis de identificar quando se está lendo, mas é preciso de um pouco mais de atenção quando se escreve. E lembrando sempre que essa é a minha opinião e a minha impressão, que tem como premissas os meus conhecimentos literários.

Agora, qual a sua opinião? O que prefere ler e o que prefere escrever? Conhece outros estilos? Discorda de algum? Comente!

9 comentários:

  1. Excelente texto caro amigo. Eu mesmo martelo muito nesse assunto com bastante regularidade. Adoro filosofar sobre temas ligado ao nosso amado hobby.

    Meus parabéns pelo blog e pel otexto.
    Gde abraço e t+

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    1. Converso sempre, com diversos amigos sobre isso. Volte e meia mostro alguns textos meus a outros "escritores aspirantes". Críticas sempre ajudam.
      .
      O estilo de narrativa pra mim, depende muito do que eu quero, mas é sempre um assunto legal de ser discutido.

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  2. É realmente muito difícil escolher o estilo de escrita.

    Sobre leitores específicos do público de rpg e os mundanos, realmente, não é legal limitar demais o vocabulário. A Trilogia Tormenta do Leonel Caldela foi feita para servir para todos os públicos, não só os fãs de rpg e, por isso, deu certo. Eu mesmo estou escrevendo um romance e decidi por escrever tudo de modo bem didático, explicando o que é um goblin, o que é um orc, o que é um mago, o que é um paladino e assim por diante.


    A perspectiva também é importante! A narrativa em 3ª pessoa é uma das mais recomendáveis porque é mais simples e dá mais liberdade para o escritor. Eu, particularmente, adoro em 1ª pessoa e escrevo assim, o que me limita às vezes, mas, é meu gosto, não adianta.

    Essa terceira opção que você apresentou também poderia ser considerada uma "memória póstuma", do personagem narrando do ponto de vista futuro, falando do que já aconteceu, e dane-se se ele já morreu ou não. Só que, quando for narrar uma cena que ele não presenciou, teria que definir "estou contando a minha versão da história, o que eu acredito que aconteceu" ou "me contaram assim" ou, por na narração propriamente dita os personagens contando tudo uns pros outros.

    Bom texto, mas, pode melhorar! Continue praticando!

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    1. Análise perfeita Bernardo, muito obrigado!
      .
      Sim, também gosto de narrar em primeira pessoa, pelo dramaticidade que é possível atribuir as cenas, mas geralmente escrevo em 3ª pessoa, por tornar a leitura mais agradável à leitores casuais.
      .
      Perfeito o comparativo de memória póstuma. Já fiz algo semelhante. Excelente.
      .
      Grato por todas a opiniões.

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  3. Não é algo fácil agradar aos Gregos e Troianos!! Ter que escolher a narrativa, o público... apesar de simples, não é tão simples.

    E neste quesito, o Guerreiro Bardo, está evoluindo com bastante sucesso. Se continuar assim, será leitura indispensável para milhares de pessoas logo! :)

    Força para lutar, Fé para vencer.

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    1. Grande Perna
      .
      Realmente, agradar a todos é impossível. E muitas vezes, para agradar a maioria é preciso desagradar a si mesmo. São escolhas difíceis.
      .
      Espero mesmo ter o Guerreiro Bardo, um dia, como um blog que seja referencia em Contos RPGisticos e discussões literárias. Quem sabe...rs

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  4. Agradar a todos nunca é possível, e o mestre mesmo nunca vai agradar a ninguém. Só se tiver uma menina e esta usar decote? hahaha
    Brincadeira.
    Eu prefiro a narrativa em forma de diário, mas adoro principalmente dar atenção aos diálogos dos jogadores.

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    1. Olá...
      Verdade Anna, agradar a todos é só para meninas com decote...rs
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      Esse estilo de narrativa é muito legal mesmo, eu tb gosto.
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      Eu já, quando escrevo, suprimo o máximo de diálogo possível. Quase nenhuma das conversas que rola nas aventuras são transcritas para o texto.
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      Valew pelo comentário.

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  5. Adorei o texto! parabéns pelo blog, acho que para ilustrar campanhas o melhor texto é o do tipo descrição da mesa, pois fica mais leve e informativo em relação aos outros dois tipo que são mais literários

    se puder passar no FALANDO DE RPG será uma honra.

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